sábado, 3 de dezembro de 2011

Uma radiografia de nossa juventude. Feita pela ONU

A constatação é óbvia e, ainda que alarmante, é sempre bom que seja feita. Leva a reflexão, e espero, a providências. O adolescente brasileiro está mais pobre e permanece exposto a um nível de violência preocupante, registra o relatório Situação da Adolescência Brasileira divulgado nesta 4ª feira (ontem) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

O documento mostra que dos 21 milhões de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos, 38% - cerca de 7,9 milhões - vivem em situação de pobreza, em famílias com renda inferior a meio salário mínimo per capita por mês (R$ 272,5 considerando o mínimo atual).

Destes, os casos classificados como mais graves estão entre os 3,7 milhões de adolescentes dessa mesma faixa de idade e que correspondem a 17,6% da nossa população adolescente. Estes vivem em extrema pobreza, em famílias com até 1/4 do salário mínimo per capita por mês (R$ 136,25).

Aumentou o número de adolescentes no contingente mais pobre

Outro dado exposto pelo relatório, também preocupante: a participação de adolescentes na faixa mais pobre da população aumentou. De 2004 a 2009, o contingente deles na extrema pobreza passou de 16,3% para 17,6%, em descompasso com a crescente redução da pobreza no país.

O Unicef utilizou dados oficiais do governo neste relatório. Mas o documento constata avanços na 
maioria dos indicadores analisados, como no número de adolescentes que só trabalham e não estudam; redução do analfabetismo entre adolescentes; e diminuição do percentual de adolescentes que não estudam e não trabalham.

Já as taxas de homicídio, no comparativo com 2004, mantém-se estáveis e ainda são as principais causas de morte na faixa dos 12 aos 17 anos. Com base em dados do Ministério da Saúde, o UNICEF observa que 19,1 meninos e meninas nessa faixa de idade em cada grupo de 100 mil pessoas do mesmo grupo de idade morreram vítimas de homicídio em 2009. O número equivale a 11 assassinatos de adolescentes por dia no país. E, de cada 100 mil adolescentes, 43,2 morrem por homicídio.

Jovem negro: mais exposto à pobreza e à violência


As condições de vida do adolescente se agravam quando são destacadas por cor da pele. Segundo o relatório, um adolescente negro tem 3,7 vezes mais risco de ser assassinado do que um adolescente branco. Entre os grandes centros urbanos, o destaque é São Paulo, com média de 10,7 homicídios de adolescentes entre 10 e 19 anos para cada grupo de 100 mil adolescentes.

A mesma lógica se aplica entre adolescentes indígenas em casos de analfabetismo: as chances de eles serem analfabetos são três vezes maiores do que as dos adolescentes em geral. Por fim, e ainda de acordo com o relatório, a situação de pobreza é maior na Amazônia, que concentra 38% dos adolescentes pobres no país. E o semiárido nordestino lidera nos índices de distorção idade-série, com 35,9%.

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